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Emmanual Gavache
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quarta-feira, julho 28, 2010

PAÍSES DO BRIC: RÚSSIA, POR EMMANUEL GAVACHE








Chefe de Estado : Dmitri Medvedev,eleito em 02 de Março de 2008
Primeiro Ministro : Vladimir Poutine
Capital : Moscou
Superficie : 17 095 000 km2
População (hab.) : 141,4 milhões
Densidade Demográfica : 8 hab./km2
Crescimento (2007-FMI): 8,1 %
Desemprego (2006-UNECE): 7,2 %
Moeda : Rublo (0,027128 €)


O Primeiro-Ministro Vladimir Poutine não perde nenhuma ocasião de repetir :
desde seus dois mandatos à testa do país (de 2000 a 2007), a Russia jamais foi tão próspera.
Os dados macroeconômicos confirmam essa afirmação. Entre 1999 e 2007, o PIB multiplicou-se por seis, com uma taxa de crescimento de 8,1% em 2007 e com o rendimento da poupança aumentando em média 10% ao ano.
Longe da bancarrota de 1998, o « budget » do Estado acumula excedentes (10,3 bilhões de euros por mês) e o banco central gere a terceira reserva de câmbio (308,2 bilhões de euros) do mundo, depois do Japão e da China.
Podemos então falar de milagre econômico, como sugere o Kremlin ?
O milagre repousa sobre as cotações elevadas do petróleo bruto, sobre os investimentos estrangeiros e sobre o consumo doméstico. A partir do momento que o preço do barril foi elevado, a Rússia, primeiro exportador mundial, “deita”sobre as notas verdes. Mas isso não trouxe apenas efeitos positivos. Depois do ciclo virtuoso de 2001, marcado pela criação de fundos de estabilização, supostos de colocar o país ao abrigo de um retrocesso das cotações, o governo ingressou numa fase de despesas. Ao fim de 2007, a inflação ultrapassou os 8%.

No período eleitoral – legislativas em 2 de dezembro e presidencial em 2 de Março de 2008-, era preciso contentar as categorias sociais com baixo poder de compra. As aposentadorias foram aumentadas (+ 8,30 euros), assim como os salários dos militares. A medida atingiu os produtos alimentares de base (um aumento de 15 % à 20 % sobre o óleo, o açúcar e o pão), acontecendo entre agosto e outubro daquele ano. Essa alta se explicou pela situação dos produtos agrícolas no mercado mundial e pela fragilidade da produção e dos canais de distribuição. A indústria alimentícia local, organizada em cartéis, sofre falta de concorrência. Na Rússia, 60% da produção de leite está nas mãos de seis produtores, mesmo com o perfil do país (11 fusos horários diferentes).
Devido ao descontentamento popular, antes da troca de cargos, o então primeiro-ministro Viktor Zoubkov, um antigo diretor de kolkhoze (fazenda coletiva), impôs um congelamento de preços. Este foi válido até a metade de março de 2008, depois da eleição presidencial. Os experts se interrogavam sobre o que aconteceria no dia de sua revogação.
"Os preços subirão de novo",indicava por sua parte Evgueni Iassine, antigo ministro da economia.
O retorno da inflação pode interferir no crescimento, tanto mais que a economia decresce em competitividade. Segundo o Banco Mundial, o crescimento russo está no fim. Para alavancá-lo novamente torna-se necessário diversificar a economia, colocar em marcha uma verdadeira política social e proceder às reformas, conforme indicou o relatório publicado pelo instituto financeiro de Washington em novembro de 2007.

Os preços elevados do petróleo poderiam permitir uma valorização da moeda?
Isso faria correr o risco de provocar a entrada massiva de investimentos especulativos. Como explica Chris Weafer, analista do fundo de investimento UralSib, "a economia poderia ser desestabilizada, conforme aconteceu na Ásia Sudoeste nos anos 90".
A reestruturação financeira da Rússia está longe de ser efetivada. Os bancos russos- existem mais de 1000- estão ausentes do setor de investimentos e desempenham um papel marginal no que se refere ao financiamento da economia.
Mais do que nunca, o Estado está em todo lugar. Atualmente, 40% da produção petrolífera e 90% da produção de gás encontra-se em suas mãos. Em 2007, prosseguiram as conclusões dos acordos realizados com as sociedades petrolíferas estrangeiras nos anos 90, num momento onde os preços do bruto estavam os mais baixos possíveis. Em Abril, a « major » Shell concordou em ceder à Gazprom sua parte majoritária na jazida petrolífera e de gás de Sakhaline-2, na Sibéria.
A ofensiva contra as « majors » estrangeiras (Shell, TNK BP) faz parte do quadro de uma vasta campanha de volta às mãos do Estado, em relação ao setor energético. Fato significativo, isso coincide com uma estagnação da produção.
Nesses últimos anos, a criação de mega-conglomerados industriais, geridos diretamente pelo Kremlin, não cessa de ser reforçada. Sete "corporations étatiques" nasceram em 2007, entre as quais Rosatom (nuclear) e Rostechnologie (armamentos). O Banco para o Desenvolvimento viu o nascer do dia em junho. Em Julho, foi criada a agência para o desenvolvimento das nanotecnologias (Rosnanotech). Dirigida pelo General da KGB Serguei Ivanov, ela deve favorecer o desenvolvimento das tecnologias de ponta, com o objetivo de permitir à Rússia ingressar no ranking de um país moderno, capaz de exportar mais do que matérias-primas. Em Outubro, a holding Olympstroï adquiriu a responsabilidade sobre a construção do centro olímpico de Sotchi, que deve chegar ao final em 2014. Outras três corporações foram criadas em 2008, nos setores de pesca, produção de medicamentos e construção de auto-estradas.

O conselheiro Arkadi Dvorkovitch inquietou-se com esta tendência. Numa conferência sobre economia realizada em Moscou em Outubro de 2007, ele lastimou a “opacidade” dessas corporações. Depois da lei, os conglomerados do Estado não são controlados pelo governo, mas diretamente pelo presidente, que nomeia seus dirigentes. Considerados como estruturas não-comerciais, os grandes grupos estatais não são submissos às auditorias do Tribunal de Contas, nem são obrigados à reinvestir seus benefícios, tendo carta branca para dispor dos mesmos conforme seus próprios desejos.
Dirigidos por pessoas próximas ao primeiro-ministro, oriundas como ele dos serviços de segurança (ex-KGB), esses conglomerados formam grupos de pressão hábeis em negociar regimes preferenciais. Muitas vezes, o espírito liberal presente no governo recusou aos mesmos concessões e financiamentos. Mas em dezembro de 2008 o ministério das finanças anunciou que uma parte dos 101,4 bilhões de euros dos fundos de estabilização, deveria ser investido na indústria via esses conglomerados.
O Vnechekonombank, Fundo para o investimento, e a Agência encarregada do desenvolvimento das nanotecnologias foram os primeiros beneficiados. O financiamento das outras corporações será feito através dos rendimentos provenientes da venda dos ativos da major Ioukos, desmantelada e captada por Rosneft, depois da detenção do seu chefe Mikhaïl Khodorkovski, em 2003.
Animada pela pujança reconquistada, a Rússia ambiciona figurar, daqui até 2020, entre as cinco economias mais desenvolvidas do mundo. Para realizar essa ambição, Vladimir Poutine desvelou em setembro de 2007 um vasto programa de modernização das infra-estruturas e da indústria. Programado para dez anos, esse programa necessitará um financiamento de 685 bilhões de euros. O Estado assumirá 20%. Para o resto, serão solicitados investidores privados, notadamente estrangeiros. A atitude diante dos investidores estrangeiros, ao mesmo tempo cortejados e objetos de desconfiança, é ambígua. A Rússia necessita desses investimentos, mas ela quer limitá-los aos setores não-estratégicos da economia.
A renovação econômica assume os traços de capitalismo de Estado. Em 2008, o Estado prevê o investimento de 4,8 bilhões de euros no grupo de rede elétrica pública FSK e 3,4 bilhões de euros na agência federal atômica Rosatom. Até este ano o país fixou o objetivo de construir 4.000 km de novas estradas por ano. Uma tarefa enorme. A rede de vias férreas é insuficiente, as auto-estradas inexistentes e, do norte ao sul da Federação, a malha rodoviária provoca lástima.

Este plano ambicioso explica porque Vladimir Poutine parece determinado a marcar o amanhã do país , apesar do seu segundo mandato presidencial haver terminado em março de 2008 e da Constituição lhe interditar o exercício de um terceiro.
As legislativas de dezembro de 2007 , ganhas em 64% por seu partido, tiveram um fundo de campanha desequilibrado, de fraudes e de pressões eleitorais denunciadas por observadores internacionais, servindo de trampolim à perenização do seu poder: o candidato à sucessão, Dmitri Medvedev, atual Chefe de Estado e presidente de Gazprom foi , sem surpresas, eleito desde o primeiro turno de 02 de Março, com mais de 70% dos votos. Segundo um acordo feito pelos dois homens em dezembro de 2007, Vladimir Poutine tornou-se Primeiro Ministro durante a passagem do poder em maio.

ANÁLISE: EMMANUEL GAVACHE

terça-feira, julho 20, 2010

CAPITAL PSICOLÓGICO: O QUE SIGNIFICA?




Conceito de capital psicológico ganha espaço nas empresas

Na hora de planejar os recursos humanos da empresa, costuma-se pensa no número de funcionários e em sua capacitação, mas apenas do ponto de vista quantitativo. Quantas pessoas trabalham na empresa? Quantos têm ensino superior? Cristina Simón, sub-reitora de psicologia da Universidade Instituto de Empresa (IE), chama a atenção para a importância do capital psicológico nas empresas, da necessidade de se levar em conta e de valorizar a personalidade dos colaboradores como um ativo a mais da companhia. Em entrevista concedida a Universia Knowledge@Wharton, Simón explica de que maneira é possível fazer com que o conjunto de recursos humanos disponíveis produzam resultados melhores por meio do capital psicológico da empresa.

Universia Knowledge@Wharton: O que é o capital psicológico?

Cristina Simón: Entende-se por capital o conjunto de bens utilizados para o crescimento e o progresso. Da mesma forma que já se definiu o capital financeiro (“o que a pessoa tem”), o capital intelectual (“o que a pessoa sabe fazer”) e o capital social (“com quem a pessoa se relaciona”), entende-se por capital psicológico o “jeito de ser da pessoa”, isto é, o conjunto de características positivas da personalidade que empregamos em nossa vida profissional. Colocadas a serviço do ambiente de trabalho, essas características podem fazer diferença nos resultados obtidos. O que temos em mente, de modo especial, é a vontade (motivação voltada para o cumprimento de um objetivo), otimismo realista (confiança na resolução positiva de acontecimentos futuros), resiliência (capacidade de enfrentar regularmente condições adversas ou arriscadas) e autoconfiança (ou confiança na capacidade própria para atingir as metas propostas).
É importante frisar que esses quatro fatores podem ser aprendidos por qualquer pessoa e, portanto, podem ser incorporados aos programas de formação e de desenvolvimento das empresas.

UK@W.: De que maneira o capital psicológico afeta o mundo corporativo?

C.S.: Os estudos realizados até o momento mostram a existência de uma relação entre o nível do capital psicológico de um profissional e sua performance na empresa. É evidente que as pessoas dotadas de grande dose de resiliência e de otimismo realista, sobretudo nos dias de hoje, estão mais preparadas para enfrentar momentos de incertezas e de circunstâncias adversas. A Faculdade de Psicologia do IE iniciou um estudo com ex-alunos sobre a relação entre seu capital social e o sucesso alcançado em sua carreira de administração.
De igual modo, a combinação de traços como vontade e autoconfiança aumentam a tenacidade de quem busca a consecução dos seus objetivos. Além disso, os indivíduos dotados desses traços tendem a trabalhar com planos de negócios de longo prazo, o que é fundamental para a sustentabilidade, uma das grandes aspirações das empresa atualmente.

UK@W.: Com relação à vontade, ao otimismo, resiliência e autoconfiança, qual o peso de cada uma dessas características em um líder? Qual a mais importante?

C.S.: Conforme eu dizia anteriormente, o capital psicológico é um modelo muito recente, portanto não temos ainda condições de aferir com a precisão desejada a contribuição de cada um dos seus componentes, tampouco qual seria seu nível de equilíbrio ideal. Já há ferramentas para aferição do capital psicológico, e nesse sentido vale a pena destacar o trabalho de Fred Luthans no Instituto de Liderança da Universidade de Nebraska, em Lincoln. Ele é o pai desse conceito, que surgiu como resultado da aplicação dos princípios básicos do que se conhece como psicologia positiva — que se ocupa do estudo do comportamento humano do ponto de vista dos seus pontos fortes e de seus fatores positivos — ao mundo do trabalho e das empresas.
Dada a possibilidade que têm os líderes de dar exemplos de atitudes e de comportamentos a suas equipes, o desenvolvimento dessas capacidades pode levar a uma melhora generalizada do capital psicológico da empresa toda.
UK@W.: Do ponto de vista dos empregados, de que maneira esses perfis psicológicos se complementam?

C.S.: A exemplo do que acontece com outros tipos de competências, a combinação desses traços em diferentes pessoas unidas em torno de um objetivo comum pode levar a equipe a um desempenho de elevada eficácia, preservando ao mesmo tempo níveis de interação social excelentes. O capital psicológico poderá ter um efeito multiplicador sempre que diversas pessoas trabalham em conjunto.
Um aspecto especialmente importante desse tipo de capital é que ele eleva os padrões de bem-estar pessoal, o que sem dúvida resulta em índices de satisfação mais apurados no trabalho e em ambientes mais satisfatórios para os empregados.

UK@W.: Em tempos de crise, em que há cortes no quadro de pessoal e paira sempre a ameaça constante do desemprego, de que maneira é possível cultivar aspectos como a vontade, o otimismo, a resiliência e a autoconfiança? O que a empresa pode fazer para não queimar psicologicamente seus funcionários?

C.S.: O capital psicológico, como o próprio nome indica, leva em conta fatores próprios da pessoa, o que num contexto de crise a ajudam a superar momentos complicados de forma mais satisfatória. Seja como for, já comentei aqui que o capital psicológico pode ser desenvolvido. Isto significa que a empresa pode levar as pessoas a encarar as situações de crise com maior dose de otimismo realista, ou com atitudes mais flexíveis e de maior resistência à frustração e à depressão. Nesse sentido, a Gallup desenvolveu sua “prática baseada em pontos fortes” (strength-based practice) e a está implantando com sucesso nas empresas. De modo geral, essas práticas fornecem evidências sobre a importância de construir a empresa com base nos pontos fortes de seus funcionários, em vez de tentar “ajustar” o seu perfil ao exigido pela companhia. Essa mudança de enfoque pode ter consequências importantes para a gestão corporativa, e se aplica a situações vivenciadas no dia-a-dia, como as decisões de promoção de profissionais de perfis tecnicamente muito brilhantes, porém pouco motivados para as tarefas que cabem a um gestor realizar. Disso resulta um afastamento do funcionário de seus pontos fortes, sendo atribuídos a ele trabalhos nos quais se sente pouco confortável e capacitado, o que repercute nas equipes e no ambiente de trabalho de modo geral.

UK@W.: O que o empregado pode fazer em relação à situação atual do emprego?

C.S.: Muitos se angustiam porque se sentem indefesos, o que coloca em perigo as circunstâncias básicas de sua vida, como a preservação do status familiar, a estabilidade de suas condições financeiras etc. Essa percepção de fragilidade vivenciada dia após dia num contexto de incertezas se traduz em transtornos psicológicos graves para boa parte dos trabalhadores. O conselho de psicólogos espanhóis diz que a frequência das consultas sobre esse tipo de assunto teve uma alta de 15% nos últimos meses.
As características do capital psicológico já mencionadas, sobretudo a resiliência e o otimismo realista, podem ajudar a melhorar a percepção da crise econômica. De modo especial, a adoção de uma visão otimista das circunstâncias — não me refiro aqui a uma ilusão “tola” cor-de-rosa — pode ajudar a melhorar a situação pessoal a longo prazo. A forma como percebemos o mundo e o nosso entorno é parte fundamental do processo de tomada de decisões com base no qual construímos nosso futuro no dia-a-dia. A ideia popular do copo “meio cheio ou meio vazio” é um bom exemplo disso. Conscientes de que temos apenas meio copo disponível — um dado objetivo —, a ideia de que devemos seguir adiante para construir e desfrutar a outra metade é fundamental para orientar nossas decisões cotidianas pelo caminho certo, tanto no âmbito pessoal quanto no do trabalho.

UK@W.: Os departamentos de Recursos Humanos levam em conta o capital psicológico? Que tipo de medidas estão sendo postas em prática?

C.S.: Creio que ainda é cedo para falar em implantação de práticas que levem em conta o capital psicológico. O conceito deverá se estender pela empresa através dos programas de formação e de desenvolvimento (sem dúvida impulsionados pelas práticas de coaching).
Embora o modelo seja ainda bastante recente e, portanto, passível de resultados genéricos, é bastante provável que o conceito de capital psicológico substitua a inteligência emocional como ferramenta de desenvolvimento de gestores e empregados, uma vez que desempenha o duplo papel de produzir melhores resultados e, o que vem se tornando cada vez mais importante, o de criar ambientes de trabalho mais sadios.

sexta-feira, julho 09, 2010

O MEDO À LIBERDADE II- FILME RAPA-NUI

Um filme emblemático no que se refere ao MEDO À LIBERDADE do homem, análise feita por Erich Fromm, é RAPA-NUI, antigo nome da Ilha de Páscoa.
O filme mostra claramente os abusos de poder, através de uma sociedade dividida em duas castas: dominantes e dominados. Os dominados constroem os famosos MOAIS sob o estalo de chicotes na pele e outras formas de subjugação.
Porém no final, quando ocorre a revolta e os papéis ficam invertidos, os antigos torturados passam a ter o mesmo comportamento que seus torturadores, agindo igual ou pior aos mesmos.Dessa forma, não ocorre uma real mudança e sim apenas uma inversão no jogo de papéis.

QUEREMOS REALMENTE MUDANÇAS, OU APENAS PERTENCER À CLASSE DOMINANTE?

"Na longa e praticamente contínua batalha pela liberdade, contudo, as classes que lutavam contra a opressão em determinada fase, uma vez obtida a vitória, enfileiravam-se ao lado dos inimigos da liberdade para defender novos privilégios".
Erich Fromm, O MEDO À LIBERDADE

LEITURA INDISPENSÁVEL:O MEDO Á LIBERDADE, ERICH FROMM



Desde os tempos de estudante nas Universidades de Heidelberg e Munique, Fromm manteve-se fiel à grande tradição humanística da filosofia clássica alemã, acrescentando à mesma uma dimensão psicanalítica.
As preocupações kantianas sobre a melhor forma de convivência social-do Kant que dizia não haver nada mais belo além do céu estrelado sobre nós e da lei moral dentro de nós-são as preocupações de Fromm, em cuja obra o traço ético é tão relevante que, sendo obra de um psicanalista, ela é, simultâneamente, obra de um crítico social e de um expoente da antropologia filosófica.

Testemunha do caos social e do totalitarismo, ele orientou suas atividades científicas para o estudo dos fatores que promovem o aviltamento da condição humana: o levantamento das causas psicológicas que permitem o advento de sociedades adversas ao Homem. Mas não supervaloriza, nesta análise, os dados psicológicos. Mostra que os processos mentais do indivíduo não serão compreendidos senão a partir da investigação da cultura-da realidade social que a deflagra.

Com muita clareza Erich Fromm promove a dissecação de todas as formas sociais e psicossociais que permitem a eclosão do totalitarismo. Procede ao mesmo tempo à análise das estruturas psicológicas do autoritarismo, cujo pressuposto é de que o homem, não sendo intrinsecamente bom, precisa de um tutor: um Führer. Sobre essa tutela o indivíduo passa a sentir-se livre em sentido negativo. A liberdade adquire então o significado da destruição da personalidade.

É esse complexo de sentimentos e atitudes que Fromm designa como O MEDO À LIBERDADE-a mais grave das enfermidades contemporâneas. Na sua radiografia de uma situação de confronto entre o que o homem pode ser, segundo a visão humanística, e as forças que o conduzem ao cultivo dos instintos masoquistas, Erich não se restringe a um diagnóstico. Mostra como na reconquista do sentido humanístico da vida está o caminho que nos afasta do MEDO À LIBERDADE.

Este livro é um ato de fé na grandeza inata do homem.

"Se eu não for por mim mesmo, quem será por mim?
Se eu for apenas por mim, que serei eu?
Se não agora-quando?"
Ditado Talmúdico

" Nada é, pois, imutável, a não ser os direitos inerentes e inalienáveis do homem".
Thomas Jefferson

P.S: A edição original desse livro é de 1.941, em plena Segunda Guerra Mundial.