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domingo, maio 02, 2010

O JOGO DO PODER




MACBETH, DE WILLIAM SHAKESPEARE

Contribuição de Maria Zeli Stelmach Rodrigues

Macbeth ilustra de maneira soberba as estratégias e alianças utilizadas para manter ou adquirir o "trono real", ou seja, o poder supremo.
Da literatura para as organizações, a peça é perfeita para entender trabalhar os diferentes jogos de poder existentes nas empresas, na mesma sintonia de objetivos que Macbeth e seus personagens.
A seguir a Lista de Personagens e uma seleção de falas representativas do que descrevemos acima. Recomendamos o uso e leitura da obra completa.

PERSONAGENS:

DUNCAN, rei da Escócia.
MALCOLM, seu filho
D0NALBAIN, seu filho.
MACHBETH, General do exército do rei
BANQUO, General do exército do rei.
MACDUFF, Nobre da Escócia.
ROSS, Nobre da Escócia.
MENTEITH, Nobre da Escócia.
ANGUS, Nobre da Escócia.
CAITHNESS, Nobre da Escócia.
FLEANCE, filho de Banquo.
SIWARD, duque de Northumberland, general do exército inglês.
O jovem Siward, seu filho.
Seyton, oficial ligado a Macbeth.
Menino, filho de Macduff.
Um médico inglês.
Um médico escocês.
Um sargento.
Um porteiro.
Um velho.
Lady Macbeth.
Lady Macduff.
Criado de quarto de Lady Macbeth.
Hécate e três bruxas.
Nobres, gentis-homens, oficiais, soldados, assassinos, criados e mensageiros. O fantasma de Banquo e outras aparições.

TRECHOS SELECIONADOS DA PEÇA:

I

PRIMEIRA BRUXA - Quando estaremos à mão com chuva, raio e trovão?
SEGUNDA BRUXA - Depois de calma a baralha e vencida esta batalha
TERCEIRA BRUXA - Hoje mesmo, então, sem falha.
PRIMEIRA BRUXA - Onde?
SEGUNDA BRUXA - Da charneca ao pé.
TERCEIRA BRUXA - Para encontrarmos Macbeth
PRIMEIRA BRUXA - Graymalkin, não faltarei.
SEGUNDA BRUXA - Paddock chama
TERCEIRA BRUXA - Depressa!
TODAS - São iguais o belo e o feio; andemos da névoa em meio.

II

SARGENTO - Duvidoso era o desfecho, como dois cansados nadadores que um no outro se embaraçam,a arte prejudicando mutuamente. O impiedoso Macdonwald, digno em tudo de ser mesmo um rebelde - que as inúmeras vilanias do mundo em torno dele como enxames esvoaçam - suprimentos das ilhas do oeste recebeu de quernes e galowglasses; e a fortuna, rindo para sua querela amaldiçoada, mostrou-se prostituta de um rebelde. Mas tudo isso foi fraco em demasia, porque o bravo Macbeth - merece o título -
desdenhando a fortuna, de aço em punho, a fumegar da execução sangrenta, tal como o favorito da bravura, soube um caminho abrir até postar-se bem na frente do escravo, não lhe tendo apertado a mão nem dito nenhum adeus, enquanto de alto a baixo não o descoseu e em nossos parapeitos pendurou-lhe a cabeça.
DUNCAN - Oh bravo primo! Que digno gentil-homem!

III

ROSS - Grande rei, venho de Fife, onde as bandeiras norueguesas zombam do céu e deixam fria nossa gente com sua agitação. O soberano norueguês em pessoa, com terrível número, reforçado pelo thane de Cawdor o traidor desleal e pérfido, deu início a um conflito pavoroso, até que o forte noivo de Belona, à
prova de valor, veio com ele defrontar-se em combate singular, espada contra espada, braço contra braço rebelde, e fez que seu espírito altivo se curvasse. Em conclusão: a vitória pendeu do nosso lado.
DUNCAN - Jamais de novo há de trair o thane de Cawdor nosso afeto. Sem delongas o condenai à morte e com seu título saudai Macbeth.
TERCEIRA BRUXA - Tambor! Tambor! Eis Macbeth, o vencedor!
TODAS - As três bruxas, mãos unidas, por estradas não batidas, por mar e terra se vão. Três para ti, três a mim. três para nove no fim. Silêncio! O encanto está pronto.

IV

MACBETH - Respondei, se puderdes: quem sois vós?
PRIMEIRA BRUXA - Viva, viva Macbeth! Nós te saudamos, thane de Glamis!
SEGUNDA BRUXA - Viva, viva Macbeth! Nós te saudamos, thane de Cawdor!
TERCEIRA BRUXA - Viva Macbeth, que há de ser rei mais tarde!
BANQUO - Meu bondoso senhor, por que motivo vos mostrais assustado, parecendo recear o que de ouvir é assim tão belo? Em nome da verdade, imaginárias sereis realmente, ou o que mostrais por fora? Meu nobre companheiro foi saudado com títulos, por vós, de atual valia e grande predição de haveres nobres e de real esperança, que parece deixá-lo arrebatado. Porém nada me dissestes. Se podeis ver a seara do tempo e predizer quais as sementes que hão de brotar, quais não, falai comigo, que não procuro nem receio vosso ódio ou vosso favor.
PRIMEIRA BRUXA - Salve!
SEGUNDA BRUXA - Salve!
TERCEIRA BRUXA - Salve!

V

MACBETH (à parte) - Se o acaso quer que eu seja rei, o acaso me poderá coroar sem que eu me mexa.
MACBETH - Desculpai-me; mas meu pesado cérebro se ocupava com coisas esquecidas. Vosso trabalhos, dignos cavalheiros, gravados ficam onde diariamente virar eu possa as folhas para lê-los. Procuremos o rei. (A Banquo.) Pensai no que houve, que mais tarde, depois de refletirmos, com o coração aberto falaremos.
DUNCAN - Sê bem-vindo. A plantar-te comecei; hei de esforçar-me, assim, para que alcances crescimento completo. Nobre Banquo, que menos não fizeste e cujos feitos ficar não devem menos conhecidos: permite que te abrace e aperte muito de encontro ao coração.
MACBETH (à parte) - Já príncipe de Cumberlândia! É escolho que ao mar me joga, se eu não abrir o olho. Estrelas, escondei a luz jucunda, para que a escuridão não veja funda de meus negros anseios! Que na frente da mão o olho se feche prestesmente; mas que se concretize o que, acabado, faça o olho estremecer de horrorizado.

VI

MACBETH - Duncan, meu caro amor, chega esta noite.
LADY MACBETH - E quando vai embora?
MACBETH - Amanhã mesmo, segundo pensa.
LADY MACBETH - O sol, oh! nunca, nunca verá esse amanhã. Vosso rosto, meu thane, é um livro aberto em que podemos ler coisas estranhas. Para o mundo enganardes, a aparência tomai do mundo;tende boas-vindas nas mãos, nos olhos e na própria língua; a todos parecei flor inocente, mas sede a serpe que na flor se esconde. Cuidemos do hóspede que chega, sendo que a meu cargo deveis deixar o grande negócio desta noite, que nos há de legar dias e noites de alegria, de mando soberano e de valia.
MACBETH - Depois conversaremos.
LADY MACBETH - Só te digo que a voz mudar é revelar perigo. Deixa o resto comigo.

Assim começa a longa teia que irá terminar de forma sangrenta, mas ilustra bem a corrupção do poder, o início de alianças em prol do mesmo, o desejo interno representado pelas bruxas, o plano de um assassinato esboçando-se e assim sucessivamente.

Transportando para dentro das organizações:
Quantos "assassinatos e traições" ocorrem, em busca de promoções?
As alianças internas não representam círculos de poder, de onde muitas vezes os gestores estão excluídos e não sabem porque as coisas não acontecem?
Os pares de mesmo cargo, não competem entre si para tornar-se herdeiros do trono"?

Magnifica metáfora que podemos utilizar como ferramenta nos trabalhos de Gestão,afinal o velho e querido William sabia bem do que falava, não envelhecendo nada para os dias de hoje..

Um comentário:

  1. Além de Macbeth, excepcional para o tema, também Rei Lear permite essa interpretação.

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